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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

sábado, 28 de dezembro de 2013

PIADA SERÍSSIMA[XV]:



Esse deixou saudades....

FIM DE ANO

2013 está chegando ao fim....

Mais uma vez muitos de nós aproveitamos este momento para renovar o eterno vício da esperança, que nunca é a última, mas é sempre aquela que nunca morre.

Pois se ela fosse uma virtude há muito tempo estaria abandonada e esquecida pela humanidade....

Para ilustrar este momento nada melhor que a palavra de um dos nossos maiores poetas:



Cortar o tempo

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,

a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.


Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.


Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente


Carlos Drummond de Andrade



quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

REFLEXÃO OPORTUNA [XI]:

Hoje é dia de Natal.

Para muitos uma data das mais, senão a mais, esperada do ano.

Para outros um dia como os demais sem nenhum significado.

Muitos se lamentam que o sentido maior se perdeu.

Outros tantos criticam o consumismo da festa.

Mas existem até mesmo aqueles que o defendem dizendo que o consumo faz a economia girar.

Podemos discutir tudo isso indefinidamente.

Porém, acredito que o pensamento deste mestre - cuja obra está de novo em evidência - resume muito bem o que pensar sobre isso:


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

POEMA DE NATAL II:

Nesta época festiva,
Deseja-se a todos os Povos...
Um Carnaval Cheio de Páscoas...
E um Natal cheio de Anos Novos....

Que as Renas do Pai Natal,

Surjam nos Céus a Voar,
Tilintando alegremente...
Com o Rudolph a piscar!

Que o Pai Natal e os Duendes,

Façam raves a bombar...
E não se baralhem nas botas...
Na altura de ofertar!....

Que o presépio de Natal,

Tenha estrelas sorridentes,
Ovelhinhas e Pastores...
E Reis Magos bué Contentes!

Que tudo surja em sorrisos,

Com muita Paz e Carinho...
E que o coelho da Páscoa,
Se esmere no sapatinho!

Que se tenha nesta quadra,

Muito Amor e Alegria...
Rabanadas e filhóses
Arroz doce e Aletria!

Autor Desconhecido

sábado, 21 de dezembro de 2013

O HELGA NATT - JUSSI BJORLING



O Natal está chegando. 


E aqui uma das grande vozes do passado interpretando um dos mais conhecidos cânticos natalinos.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

sábado, 14 de dezembro de 2013

POEMA DE NATAL

Rasgam-se as nuvens no céu estrelado,
invade-se a vontade de gritar,
o Sol mantém-se ao longe...calado,
ouvindo o som do belo luar.

A fada desperta do sono encantado,

com a sua harpa de sonho a tocar,
o sol dormindo...sonha deleitado,
vislumbrando ao longe um novo acordar

Surge então um novo céu...a nevar

de noite e durante a madrugada,
O sol mantém-se coberto a sonhar
com estrelas e com a sua amada...

Ouve-se ao longe um galo a cantar,

adivinha-se o nascer de um novo dia,
A lua vai-se embora a chorar,
mas o Sol...desperta com alegria.

A lua adormece por fim.

Mas o Sol nada leva a mal,
pois ama a Lua tanto assim,
que voltará a encontrá-la num sonho de Natal...

Autor Desconhecido

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXXIII]:

"A esperança não murcha, ela não cansa, também como ela não sucumbe a crença. Vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança."

Augusto dos Anjos

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

DAS UTOPIAS

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"

Mario Quintana

sábado, 30 de novembro de 2013

Brahms: Piano Concerto 2 in B b, Op. 83 (Pollini/Abbado/WPO)

MENSAGEM DE UM GUERREIRO

"Tudo é Um num milhão de caminhos, portanto, um guerreiro deve ter sempre em mente que um caminho é apenas um caminho. 

Se sente que não deve segui-lo, não deve continuar nele sob pretexto algum.


O caminho deve ser livre do medo ou ambição, ou deixará de ser livre.


O guerreiro deve olhar para cada caminho de perto e deliberadamente.


Há uma pergunta que um guerreiro tem que fazer 


- Será que este caminho tem coração? "

PIADA SERÍSSIMA [XIV]:

Três irmãs, de 90, 88 e 86 anos de idade viviam na mesma casa. Uma noite a de 90 começa a encher a banheira para tomar banho, põe um pé dentro da banheira, faz uma pausa e grita:

- Alguém sabe se eu estava entrando ou saindo da banheira?


A irmã de 88 responde:


- Não sei, já subo aí para ver....


Começa a subir as escadas, faz uma pausa, e grita:


- Eu estava subindo as escadas, ou descendo?


A irmã caçula, de 86, estava na cozinha tomando chá e escutando suas irmãs, move a cabeça e pensa:


"Na verdade, espero nunca ficar assim tão esquecida".

Bate três vezes na madeira da mesa, e logo responde:

- Já vou ajudá-las, antes vou ver quem está batendo na porta...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

ANIVERSÁRIO

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,

O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...

Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...

A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!

Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

[Álvaro de Campos]

terça-feira, 26 de novembro de 2013

CANON EM RÉ MAIOR [PACHELBEL]

AUSÊNCIA

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

[Carlos Drummond de Andrade]

domingo, 24 de novembro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXXII]

"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

Fernando Pessoa

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

sábado, 16 de novembro de 2013

E AGORA JOSÉ?

Um poema de Drummond que está sendo muito lembrado por esses dias após a condenação do réus do mensalão.......

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,

está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?

sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão 

quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

PIADA SERÍSSIMA [XII]:


PEQUENO ESCLARECIMENTO

"Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês."

[Mario Quintana]

PENSAMENTO DO DIA [XXX]:

"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto..."

[William Shakespeare]

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

ELEGIA

A alegria da vida, essa alegria d'oiro 
A pouco e pouco em mim vai-se extinguindo, vai... 
          Melros alegres de bico loiro, 
          Ó melros negros, cantai, cantai! 

Ando lívido, arrasto o pobre corpo exangue, 

Que era feito da luz das claras madrugadas... 
          Rosas vermelhas da cor do sangue, 
          Rosas abri-vos às gargalhadas! 

Limpidez virginal, graça d'Anacreonte, 

Mimo, frescura, força, onde é que estais?... não sei!... 
          Ó águas vivas, águas do monte, 
          Ó águas puras, correi, correi! 

Eu sinto-me prostrado em lânguido desmaio, 

E a minha fronte verga exausta para o chão... 
          Cedros altivos, sem medo ao raio, 
          Cedros erguei-vos pela amplidão! 

[Guerra Junqueiro]


PIADA SERÍSSIMA [XI]:


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

REFLEXÃO OPORTUNA [X]:

"Uma grande parte da infelicidade no mundo tem sido causada por confusão e fracasso de se dizer a palavra certa no momento certo. Uma palavra que não é proferida no momento certo é prejudicial, e tem sido sempre assim. Porque é que uma classe da população deveria ter medo de ser honesta com outra? De que é que têm medo?"


[Fiodor Dostoievski]

As Nossas Dependências

Coisas há que dependem de nós - e outras há que de nós não dependem. O que depende de nós são os nossos juízos, as nossas tendências, os nossos desejos, as nossas aversões: numa palavra, todos os atos e obras do nosso foro íntimo. 

O que de nós não depende é o nosso corpo, a riqueza, a celebridade, o poder; enfim, todas as obras e atos que de maneira nenhuma nos constituem. 

As coisas que dependem de nós são por natureza livres, sem impedimento, isentas de obstáculos; e as que de nós não dependem são inconsistentes, servis, susceptíveis de impedimento, estranhas. 

Tem em mente, portanto, o seguinte: se avalias livre o que por natureza é servil, e julgas decente para ti o que te é estranho, sentir-te-ás embaraçado, aflito, inquieto - e em breve culparás os Deuses e os homens. 


Mas se crês teu o que unicamente é teu, e por estranho o que efetivamente estranho te é, então ninguém te poderá constranger, nem tão pouco causar embaraços; não atacarás ninguém, a ninguém acusarás, nada farás contra a tua vontade; prejudicar-te, ninguém te prejudicará; e não terás um só inimigo - e prova disso é sobre ti a ausência de qualquer dano. 

[Epiceto]

SAINT-PREUX: CONCERTO PARA UMA VOZ



Lembrando hoje os 70 anos de Danielle Licari, a voz que atingiu a perfeição.

sábado, 9 de novembro de 2013

LUNAR

As casas cerraram seus milhares de pálpebras.
As ruas pouco a pouco deixaram de andar.
Só a lua multiplicou-se em todos os poços e poças.
Tudo está sob a encantação lunar…

E que importa se uns nossos artefatos

lá conseguiram afinal chegar?
Fiquem armando os sábios seus bodoques:
a própria lua tem sua usina de luar…

E mesmo o cão que está ladrando agora

é mais humano do que todas as máquinas.
Sinto-me artificial com esta esferográfica.

Não tanto… Alguém me há de ler com um meio sorriso

cúmplice… Deixo pena e papel… E, num feitiço antigo,
à luz da lua inteiramente me luarizo…

[Mário Quintana]

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SONETO DO AMIGO

Lembrando o centenário do poeta....

Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 

Com olhos que contêm o olhar antigo 
Sempre comigo um pouco atribulado 
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 

Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica

Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

[Vinicius de Moraes]

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

PIADA SERÍSSIMA [X]:


Descalça Vai Para a Fonte

Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,

O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,

Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

Luiz Vaz de Camões

terça-feira, 5 de novembro de 2013

RENOVA-TE

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado, 
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.

[Cecília Meireles]

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

VERDI: 200th BIRTHDAY - AIDA [SINFONIA]


Hoje é o bicentenário deste gigante da música que a Itália legou ao mundo.




Aqui uma peça rara: a Sinfonia de AÍDA (1872), uma abertura alternativa ao prelúdio habitualmente apresentado.

AO LUAR

Quando, à noite, o Infinito se levanta
A luz do luar, pelos caminhos quedos
Minha táctil intensidade é tanta
Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!

Quebro a custódia dos sentidos tredos

E a minha mão, dona, por fim, de quanta
Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos,
Todas as coisas íntimas suplanta!

Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado,

Nos paroxismos da hiperestesia,
O Infinitésimo e o Indeterminado…

Transponho ousadamente o átomo rude

E, transmudado em rutilância fria,
Encho o Espaço com a minha plenitude!

[Augusto dos Anjos]

DEIXAI A VIDA AOS CRENTES MAIS ANTIGOS

Deixai a Vida aos Crentes Mais Antigos
Vós que, crentes em Cristos e Marias, 
Turvais da minha fonte as claras águas 
Só para me dizerdes 
Que há águas de outra espécie 

Banhando prados com melhores horas 

Dessas outras regiões pra que falar-me 
Se estas águas e prados 
São de aqui e me agradam? 

Esta realidade os deuses deram 

E para bem real a deram externa. 
Que serão os meus sonhos 
Mais que a obra dos deuses? 

Deixai-me a Realidade do momento 
E os meus deuses tranquilos e imediatos 
Que não moram no Vago 
Mas nos campos e rios. 

Deixai-me a vida ir-se pagãmente 

Acompanhada pelas avenas tênues 
Com que os juncos das margens 
Se confessam de Pã. 

Vivei nos vossos sonhos e deixai-me 

O altar imortal onde é meu culto 
E a visível presença 
Os meus próximos deuses. 

Inúteis procos do melhor que a vida, 

Deixai a vida aos crentes mais antigos 
Que a Cristo e a sua cruz 
E Maria chorando. 

Ceres, dona dos campos, me console 

E Apolo e Vênus, e Urano antigo 
E os trovões, com o interesse 
De irem da mão de Jove. 

[Fernando Pessoa]

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXVIII]:

"As obras-primas devem ter sido geradas por acaso; a produção voluntária não vai além da mediocridade."

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 5 de outubro de 2013

QUE VENÇAIS NO ORIENTE TANTOS REIS

Que vençais no Oriente tantos Reis, 
Que de novo nos deis da Índia o Estado, 
Que escureçais a fama que hão ganhado 
Aqueles que a ganharam de infiéis; 

Que vencidas tenhais da morte as leis, 
E que vencêsseis tudo, enfim, armado, 
Mais é vencer na Pátria, desarmado, 
Os monstros e as Quimeras que venceis. 

Sobre vencerdes, pois, tanto inimigo, 
E por armas fazer que sem segundo 
No mundo o vosso nome ouvido seja; 

O que vos dá mais fama inda no mundo, 
É vencerdes, Senhor, no Reino amigo, 
Tantas ingratidões, tão grande inveja. 

Luís Vaz de Camões

PENSAMENTO DO DIA [XXVII]:

"Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente, por isso pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra de arte."

Fernando Pessoa

terça-feira, 1 de outubro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXVI]:

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

Chico Xavier

domingo, 22 de setembro de 2013

REFLEXÃO OPORTUNA [IX]:

SOBRE O RESULTADO DO JULGAMENTO DO MENSALÃO....



"Agora não adianta chorar sobre embargos derramados. Se a Veja acha que os mensaleiros riem, está sendo tímida em sua manchete. A elite dos corruptos está rindo. Impunidade ampla, geral e irrestrita para todos."



[Janer Cristaldo]

O PRESENTE NÃO EXISTE

Não é extraordinário pensar que dos três tempos em que dividimos o tempo - o passado, o presente e o futuro -, o mais difícil, o mais inapreensível, seja o presente? 

O presente é tão incompreensível como o ponto, pois, se o imaginarmos em extensão, não existe; temos que imaginar que o presente aparente viria a ser um pouco o passado e um pouco o futuro. Ou seja, sentimos a passagem do tempo. 

Quando me refiro à passagem do tempo, falo de uma coisa que todos nós sentimos. Se falo do presente, pelo contrário, estarei falando de uma entidade abstrata. O presente não é um dado imediato da consciência.

Sentimo-nos deslizar pelo tempo, isto é, podemos pensar que passamos do futuro para o passado, ou do passado para o futuro, mas não há um momento em que possamos dizer ao tempo: «Detém-te! És tão belo...!», como dizia Goethe. 

O presente não se detém. Não poderíamos imaginar um presente puro; seria nulo. O presente contém sempre uma partícula de passado e uma partícula de futuro, e parece que isso é necessário ao tempo. 

[Jorge Luis Borges]

THE BEST OF WAGNER


sábado, 21 de setembro de 2013

O MONSTRO

LEMBRANDO O BICENTENÁRIO DE RICHARD WAGNER, ESTE ARTIGO QUE, SEM ESQUECER O GÊNIO E SUA OBRA, MOSTRA FACETAS DE UMA PERSONALIDADE QUE ESTAVA LONGE DE SER DAS MAIS AGRADÁVEIS.

Ele era um homenzinho pequenino, com uma cabeça grande demais para seu corpo -- um homenzinho adoentado. Ele sofria dos nervos. Ele tinha problemas de pele. Para ele, era uma agonia ter que usar qualquer coisa próxima a sua pele que fosse mais áspera que a seda. E ele tinha ilusões de grandeza. 

Ele era um monstro de presunção. Nunca, nem por um minuto, ele olhou para o mundo ou para as pessoas que não fosse em relação a si mesmo. Ele não só era a pessoa mais importante do mundo, para si; a seus próprios olhos, ele era a única pessoa que existia. Ele acreditava ser um dos maiores dramaturgos do mundo, um dos maiores pensadores e um dos maiores compositores. Ouvindo-o falar, ele era Shakespeare, Beethoven e Platão, tudo junto. E você não teria nenhuma dificuldade em ouvi-lo falar. Ele era um dos conversadores mais exaustivos que já viveram. Uma noite com ele era uma noite ouvindo um monólogo. Às vezes ele era brilhante; às vezes, era cansativo de enlouquecer. Mas fosse brilhante ou enfadonho, ele tinha apenas um único assunto em sua conversa: ele mesmo. O que ele pensava e o que ele fazia. 

Ele tinha uma mania de achar que tinha razão. A menor indicação de discordância, de qualquer um, na coisa mais trivial, era o bastante para fazê-lo desatar uma arenga que podiam durar horas, na qual ele provava de tantas maneiras que tinha razão, e com uma retórica tão exaustiva, que no final seu ouvinte, atordoado e ensurdecido, concordava com ele, em nome da paz. 

Nunca lhe ocorreu que ele e o que ele fazia não fossem do mais intenso e fascinante interesse para qualquer um com quem ele entrasse em contato. Ele tinha teorias sobre quase todos os assuntos sob o sol, incluindo o vegetarianismo, o drama, política e música; e em apoio a estas teorias ele escrevia panfletos, cartas, livros... Milhares e mais milhares de palavras, centenas e centenas de páginas. Ele não só escrevia estas coisas e as publicava -- normalmente às custa de outra pessoa -- mas ele se sentava e as lia em voz alta, durante horas, para seus amigos e sua família. 

Ele escrevia óperas; e mal ele tinha a sinopse de uma história, ele já convidava -- ou antes, intimava -- um monte de amigos seus para virem a sua casa e a lia em voz alta para eles. Não para a crítica. Para o aplauso. Quando o poema todo estava escrito, os amigos tinham que vir de novo e ouvir aquilo lido em voz alta. Então ele publicava o poema, às vezes anos antes da música que o acompanhava ser escrita. Ele tocava piano como um compositor, no pior sentido em que isto implica, e ele se sentava ao piano, diante de grupos que incluíam alguns dos mais finos pianistas de seu tempo, e tocava para eles por horas -- sua própria música, desnecessário dizer. Ele tinha uma voz de compositor. E ele convidava cantores eminentes para virem a sua casa, e cantava suas óperas para eles, fazendo todos os papeis. 

Ele tinha a estabilidade emocional de uma criança de seis anos. Quando ele se destemperava, ele esbravejava e batia o pé, ou se afundava em uma melancolia suicida e falava sombriamente em ir para o Oriente, para terminar seus dias como monge budista. Dez minutos depois, quando algo o agradava, ele saia rápido para fora e corria pelo jardim, ou pulava para cima e para baixo no sofá, ou plantava bananeira. Ele podia ficar arrasado com a morte de seu cachorro e podia ser insensível e impiedoso a um ponto que faria tremer um imperador romano. 

Ele era quase que inocente de qualquer senso de responsabilidade. Não só ele parecia incapaz de se sustentar, mas nunca lhe ocorreu que ele tivesse qualquer obrigação fazê-lo. Ele estava convencido de que o mundo tinha a obrigação de sustentá-lo. Em apoio a esta crença, ele pegava dinheiro emprestado de todo mundo que tivesse condições de emprestar -- homens, mulheres, amigos ou estranhos. Ele escrevia um sem fim de cartas de pedidos, às vezes implorando sem pudor, outras, oferecendo altaneiramente a seu benfeitor em vista o privilégio de contribuir para seu sustento e ficando mortalmente ofendido se o destinatário declinasse esta honra. Eu nunca encontrei qualquer registro de ele alguma vez ter pago ou restituído dinheiro a alguém que não tivesse direito legal a ele. 

Qualquer dinheiro em que ele pudesse por as mãos, ele gastava como um rajá indiano. A simples perspectiva de uma montagem de uma de suas óperas era o bastante para fazê-lo acumular dívidas chegando a dez vezes o valor dos prováveis royalties. Com uma renda que reduziria um homem mais escrupuloso a lavar a própria roupa, ele mantinha dois criados. Sem dinheiro no bolso que desse para pagar o aluguel, ele mandava revestir as paredes e o teto de seu escritório com seda cor-de-rosa. Ninguém nunca saberá -- ele, certamente, nunca soube -- quanto dinheiro ele deveu. Sabemos, sim, que seu maior benfeitor lhe deu $6,000 para pagar as dívidas mais prementes em uma cidade e que um ano depois teve de lhe dar $16,000 para que ele pudesse ir viver em uma outra cidade sem ser jogado na cadeia por dívidas. 

Ele era igualmente inescrupuloso sob outros aspectos. Uma procissão interminável de mulheres atravessa sua vida. Sua primeira mulher passou vinte anos suportando e perdoando suas infidelidades. Sua segunda mulher havia sido esposa de seu mais devotado amigo e admirador, de quem ele a roubou. E mesmo enquanto ele tentava persuadi-la a abandonar seu primeiro marido, ele escrevia a um amigo para inquirir se ele poderia sugerir alguma mulher rica -- qualquer mulher rica -- com quem ele pudesse se casar por causa do dinheiro. 

Ele era completamente egoísta em seus outros relacionamentos pessoais. Sua afeição por seus amigos era medida unicamente pela plenitude de sua devoção a ele, ou por sua utilidade a ele, fosse financeira ou artística. No instante em que eles não lhe atendessem -- mesmo que fosse só por recusar um convite para jantar -- ou que sua utilidade começasse a diminuir, ele os descartava sem pensar duas vezes. No fim de sua vida, só lhe tinha restado exatamente um amigo que ele tivesse conhecido mesmo que na meia idade. 

Ele tinha um gênio para fazer inimigos. Ele insultaria um homem que discordasse dele em relação ao tempo. Ele armava mil planos para poder se encontrar com algum homem que admirasse sua obra e estivesse ansioso para lhe ser útil -- e em seguida fazia dele um inimigo mortal com alguma exibição idiota e totalmente impertinente de arrogância e maus modos. Um personagem de uma de suas óperas era uma caricatura de um dos mais poderosos críticos de seu tempo. Não satisfeito de ridicularizá-lo, ele convidou este crítico para vir a sua casa e leu para ele o libreto na frente de seus amigos. 

O nome deste monstro era Richard Wagner. Tudo o que eu disse sobre ele você pode encontrar registrado -- em jornais, em registros de polícia, no testemunho de pessoas que o conheceram, em suas próprias cartas, nas entrelinhas de sua autobiografia. E o curioso sobre este histórico é que ele não tem a menor importância. 

Porque este homem pequenino, adoentado, desagradável e fascinante estava certo o tempo todo. Nós é que não entendemos. Ele foi um dos grandes dramaturgos do mundo; foi um grande pensador; foi um dos mais estupendos gênios musicais que, até agora, o mundo já viu. O mundo tinha a obrigação, sim, de sustentá-lo. As pessoas não tinham como saber dessas coisas na época, eu suponho; e, no entanto, para nós, que conhecemos sua música, é como se elas devessem, sim, ter sabido. E daí se ele falava sobre si mesmo o tempo todo? Se ele tivesse falado sobre si durante vinte e quatro horas, todos os dias do tempo de sua vida, ele não teria emitido metade do número de palavras que outros homens disseram e escreveram sobre ele desde sua morte. 

Quando se considera o que ele compôs -- treze óperas e dramas musicais, onze delas ainda representadas, oito delas indiscutivelmente merecedoras de figurarem entre as grandes obras-primas musico - dramáticas mundiais - quando se ouve o que ele compôs, as dívidas e as dores de cabeça que as pessoas tiveram que suportar por ele não parecem ser um preço alto. Eduard Hanslick, o crítico que ele caricaturizou em Die Meistersinger e que o odiou desde então, agora só vive porque foi caricaturizado em Die Meistersinger. As mulheres cujo coração ele partiu há muito estão mortas; e o homem que nunca pôde amar ninguém além de si mesmo lhes ofereceu uma expiação imortal, eu acho com Tristan und Isolde. Pense no luxo com o qual, por algum tempo pelo menos, o destino recompensou Napoleão, o homem que arruinou a França e pilhou a Europa; e então talvez você concorde que alguns milhares de dólares em dívidas não foi um preço alto demais a se pagar pela trilogia do Anel. 

E daí se ele era infiel as seus amigos e esposas? Ele teve uma amante a quem ele foi fiel até o dia de sua morte: a Música. Nem por um só instante ele alguma vez comprometeu aquilo em que acreditava aquilo com que sonhou. Não há uma só linha em sua música que pudesse ter sido concebida por uma mente pequena. Mesmo quando ele é tedioso ou simplesmente ruim, é tedioso e ruim em grande estilo. Há grandeza em seus piores erros. Ouvindo sua música, não se perdoa ele pelo que ele pode ou não ter sido. Não é uma questão de perdão. É uma questão de se ficar mudo de maravilhamento de que seu pobre cérebro e corpo não explodissem sob o tormento do demônio da energia criativa que vivia dentro dele, lutando, repuxando, arranhando para ser solto; dilacerando, urrando com ele para compor a música que estava nele. O milagre é que o que ele fez no pequeno espaço de setenta anos simplesmente pudesse ter sido feito, mesmo que por um grande gênio. É de se surpreender que ele não tivesse tempo para ser um homem?


 Deems Taylor: Of Men and Music (New York: Simon and Schuster, 1937)





SONETO 18

Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Ás vezes brilha o Sol em demasia

Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,

E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.

E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.

William Shakespeare

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXIV]:

"As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades."

Millôr Fernandes


SERVE COMO UMA LUVA PARA O PRESIDENTE OBA-OBA.........

ATUALIDADE [IV]:

....CADA VEZ MAIS E MAIS:


 “A América não é a polícia do mundo. Mas se podemos evitar o gaseamento de crianças e com isso colocar nossas crianças em segurança, eu acredito então que devemos agir.”

(Barack Lie Obama)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ATUALIDADE [II]I:

“Eu decidi, em nome da segurança nacional dos Estados Unidos, a responder ao uso de armas químicas pelo regime de Assad com um ataque militar localizado. Esta é minha decisão como a mais alta instância militar.”


(Barack Lie Obama em pronunciamento televisivo)



PELO VISTO, O NARIZ DO PRESIDENTE OBA-OBA ESTÁ CRESCENDO....

REFLEXÃO OPORTUNA [VIII]:



Os Estados Unidos lançaram bombas Napalm e Agente Laranja sobre o Vietnã... e ficaram impunes até hoje.





Israel lançou bombas de fósforo sobre a faixa de Gaza.




E bombas com material radioativo sobre o Líbano.

Continua impune até hoje....

Mas a Síria....bem, esta deve ser castigada por um crime que não cometeu....

sábado, 7 de setembro de 2013

ATUALIDADE [II]:

Assad ainda tem 'enorme' arsenal químico na Síria, dizem EUA.

PARECE QUE A CRIATIVIDADE NA HORA DE ELABORAR PRETEXTOS PARA MAIS UMA AVENTURA BÉLICA ESTÁ DEFINITIVAMENTE APOSENTADA PELA CASA BRANCA.

PENSAMENTO DO DIA [XXIII]:

O PRESIDENTE OBA-OBA ESTÁ MESMO DISPOSTO A LEVAR ADIANTE A GUERRA CONTRA A SÍRIA (QUE JÁ ESTÁ PROGRAMADA HÁ MAIS DE UMA DÉCADA). 

ESTE PENSAMENTO DE GEORGE ORWELL PODE NOS AJUDAR A ENTENDER O QUE É O CERNE DAS CONSEQUÊNCIAS DE UMA GUERRA. TANTO ESSA COMO TODAS AS OUTRAS QUE JÁ EXISTIRAM E QUE, INFELIZMENTE, EXISTIRÃO.



"O essencial da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas de produtos do trabalho humano.
 A guerra é um meio de despedaçar, ou de libertar na estratosfera, ou de afundar nas profundezas do mar, materiais que de outra forma teriam de ser usados para tornar as massas demasiado confortáveis e, portanto, com o passar do tempo, inteligentes."