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sábado, 30 de novembro de 2013

Brahms: Piano Concerto 2 in B b, Op. 83 (Pollini/Abbado/WPO)

MENSAGEM DE UM GUERREIRO

"Tudo é Um num milhão de caminhos, portanto, um guerreiro deve ter sempre em mente que um caminho é apenas um caminho. 

Se sente que não deve segui-lo, não deve continuar nele sob pretexto algum.


O caminho deve ser livre do medo ou ambição, ou deixará de ser livre.


O guerreiro deve olhar para cada caminho de perto e deliberadamente.


Há uma pergunta que um guerreiro tem que fazer 


- Será que este caminho tem coração? "

PIADA SERÍSSIMA [XIV]:

Três irmãs, de 90, 88 e 86 anos de idade viviam na mesma casa. Uma noite a de 90 começa a encher a banheira para tomar banho, põe um pé dentro da banheira, faz uma pausa e grita:

- Alguém sabe se eu estava entrando ou saindo da banheira?


A irmã de 88 responde:


- Não sei, já subo aí para ver....


Começa a subir as escadas, faz uma pausa, e grita:


- Eu estava subindo as escadas, ou descendo?


A irmã caçula, de 86, estava na cozinha tomando chá e escutando suas irmãs, move a cabeça e pensa:


"Na verdade, espero nunca ficar assim tão esquecida".

Bate três vezes na madeira da mesa, e logo responde:

- Já vou ajudá-las, antes vou ver quem está batendo na porta...

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

ANIVERSÁRIO

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,

O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...

Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...

A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!

Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

[Álvaro de Campos]

terça-feira, 26 de novembro de 2013

CANON EM RÉ MAIOR [PACHELBEL]

AUSÊNCIA

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

[Carlos Drummond de Andrade]

domingo, 24 de novembro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXXII]

"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."

Fernando Pessoa

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

sábado, 16 de novembro de 2013

E AGORA JOSÉ?

Um poema de Drummond que está sendo muito lembrado por esses dias após a condenação do réus do mensalão.......

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,

está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?

sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão 

quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

PIADA SERÍSSIMA [XII]:


PEQUENO ESCLARECIMENTO

"Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês."

[Mario Quintana]

PENSAMENTO DO DIA [XXX]:

"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto..."

[William Shakespeare]

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

ELEGIA

A alegria da vida, essa alegria d'oiro 
A pouco e pouco em mim vai-se extinguindo, vai... 
          Melros alegres de bico loiro, 
          Ó melros negros, cantai, cantai! 

Ando lívido, arrasto o pobre corpo exangue, 

Que era feito da luz das claras madrugadas... 
          Rosas vermelhas da cor do sangue, 
          Rosas abri-vos às gargalhadas! 

Limpidez virginal, graça d'Anacreonte, 

Mimo, frescura, força, onde é que estais?... não sei!... 
          Ó águas vivas, águas do monte, 
          Ó águas puras, correi, correi! 

Eu sinto-me prostrado em lânguido desmaio, 

E a minha fronte verga exausta para o chão... 
          Cedros altivos, sem medo ao raio, 
          Cedros erguei-vos pela amplidão! 

[Guerra Junqueiro]


PIADA SERÍSSIMA [XI]:


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

REFLEXÃO OPORTUNA [X]:

"Uma grande parte da infelicidade no mundo tem sido causada por confusão e fracasso de se dizer a palavra certa no momento certo. Uma palavra que não é proferida no momento certo é prejudicial, e tem sido sempre assim. Porque é que uma classe da população deveria ter medo de ser honesta com outra? De que é que têm medo?"


[Fiodor Dostoievski]

As Nossas Dependências

Coisas há que dependem de nós - e outras há que de nós não dependem. O que depende de nós são os nossos juízos, as nossas tendências, os nossos desejos, as nossas aversões: numa palavra, todos os atos e obras do nosso foro íntimo. 

O que de nós não depende é o nosso corpo, a riqueza, a celebridade, o poder; enfim, todas as obras e atos que de maneira nenhuma nos constituem. 

As coisas que dependem de nós são por natureza livres, sem impedimento, isentas de obstáculos; e as que de nós não dependem são inconsistentes, servis, susceptíveis de impedimento, estranhas. 

Tem em mente, portanto, o seguinte: se avalias livre o que por natureza é servil, e julgas decente para ti o que te é estranho, sentir-te-ás embaraçado, aflito, inquieto - e em breve culparás os Deuses e os homens. 


Mas se crês teu o que unicamente é teu, e por estranho o que efetivamente estranho te é, então ninguém te poderá constranger, nem tão pouco causar embaraços; não atacarás ninguém, a ninguém acusarás, nada farás contra a tua vontade; prejudicar-te, ninguém te prejudicará; e não terás um só inimigo - e prova disso é sobre ti a ausência de qualquer dano. 

[Epiceto]

SAINT-PREUX: CONCERTO PARA UMA VOZ



Lembrando hoje os 70 anos de Danielle Licari, a voz que atingiu a perfeição.

sábado, 9 de novembro de 2013

LUNAR

As casas cerraram seus milhares de pálpebras.
As ruas pouco a pouco deixaram de andar.
Só a lua multiplicou-se em todos os poços e poças.
Tudo está sob a encantação lunar…

E que importa se uns nossos artefatos

lá conseguiram afinal chegar?
Fiquem armando os sábios seus bodoques:
a própria lua tem sua usina de luar…

E mesmo o cão que está ladrando agora

é mais humano do que todas as máquinas.
Sinto-me artificial com esta esferográfica.

Não tanto… Alguém me há de ler com um meio sorriso

cúmplice… Deixo pena e papel… E, num feitiço antigo,
à luz da lua inteiramente me luarizo…

[Mário Quintana]

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SONETO DO AMIGO

Lembrando o centenário do poeta....

Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 

Com olhos que contêm o olhar antigo 
Sempre comigo um pouco atribulado 
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 

Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica

Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

[Vinicius de Moraes]

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

PIADA SERÍSSIMA [X]:


Descalça Vai Para a Fonte

Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,

O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,

Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

Luiz Vaz de Camões

terça-feira, 5 de novembro de 2013

RENOVA-TE

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado, 
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.

[Cecília Meireles]