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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

SONETO DE ANIVERSÁRIO

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Vinicius de Moraes

BEETHOVEN: PIANO CONCERTO 5 - EMPEROR - [GIESEKING/KARAJAN/PO]

domingo, 23 de novembro de 2014

CELESTE

Celeste... É assim, divina, que te chamas.
Belo nome tu tens, Dona Celeste...
Que outro terias entre humanas damas,
Tu que embora na terra do céu vieste?

Celeste... E como tu és do céu não amas: 
Forma imortal que o espírito reveste
De luz, não temes sol, não temes chamas, 
Porque és sol, porque és luar, sendo celeste.

Incoercível como a melancolia,
Andas em tudo: o sol no poente vasto
Pede-te a mágoa do findar do dia.

E a lua, em meio à noite constelada,
Pede-te o luar indefinido e casto
Da tua palidez de hóstia sagrada.

Alphonsus de Guimarães

terça-feira, 18 de novembro de 2014

JUVENTUDE

"O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência."

[Nelson Rodrigues]

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

M. CLEMENTI: SONATA IN G m, OP. 50/3 [DIDONE ABANDONATTA]

SONETO 105

Não chame o meu amor de Idolatria 
Nem de Ídolo realce a quem eu amo, 
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo. 
É hoje e sempre o meu amor galante, 
Inalterável, em grande excelência; 
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença. 
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo; 
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento; 
E em tal mudança está tudo o que primo, 
Em um, três temas, de amplo movimento. 
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora; 
Num mesmo ser vivem juntos agora.

William Shakespeare

terça-feira, 11 de novembro de 2014

HAYDN: STRING QUARTET IN D, OP. 50/6


O TEMPO PASSA? NÃO PASSA

O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.

Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.

O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.

São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer toda a hora.

E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama escutou
o apelo da eternidade.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

SONETO 30

Quando à corte silente do pensar
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,

Afogo olhar em lágrima, tão rara,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,
Deplorando o que desapareceu.

Posso então lastimar o erro esquecido,
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido,

Tornando a pagar contas todas pagas.
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as perdas e acaba o sofrimento

William Shakespeare

HAYDN: STRING QUARTET IN B b, OP. 50/1


PENSAMENTO DO DIA [CÍCERO]

"Os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons."

PIADA SERÍSSIMA [XXVII]


terça-feira, 4 de novembro de 2014

NIELSEN: SYMPHONY 5, OP. 50 [HORENSTEIN/NPO]


PENSAMENTO DO DIA [OSCAR WILDE]

"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."

SONETO 35

Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o inseto faz seu ninho;

Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;

Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te excuso, e me convenço

Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso,
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.

William Shakespeare

PIADA SERÍSSIMA [XXVI]


REFLEXÃO OPORTUNA [JANER CRISTALDO]

UM TEXTO DO BRILHANTE JORNALISTA QUE CONTINUA OPORTUNO.

FALANDO UM POUCO SOBRE DOIS PAÍSES QUE SÃO OS VERDADEIROS BERÇOS DE NOSSA CULTURA.

IGNORO, PORÉM, QUAL TENHA SIDO O REFERIDO JOGO DE FUTEBOL........

GENTINHA INFAME 



Entre outros países, sou um apaixonado pela Grécia e Portugal. A Grécia, tanto pelas suas ilhas e cidades, pelo azul e branco onipresente no Egeu, como por aquela explosão de gênio ocorrida três séculos antes do Cristo. 

Que mais não seja, é o berço primeiro da cultura ocidental. Nossas raízes não estão na África, como pretendem os neo-apparatchiks. 

Mas em Aristóteles, Platão, Sócrates. 

Portugal, não só pelo charme de suas cidades, por sua gastronomia e bons vinhos, como também por Eça e Pessoa. 

Se alguém quiser me ver entusiasmado, é só puxar assunto sobre Grécia e Portugal. Lá nasceu nossa língua, lá está nosso passado mais próximo. 

Hoje, nas ruas, só se falava em Grécia e Portugal. Os dois países estavam na boca do povo. Triste ver esta gentinha infame, que só toma conhecimento de países tão lindos quando ocorre um jogo de futebol.

[12.06.2004]

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

SCHUBERT: VALSES SENTIMENTALES, OP. 50 (SELECTION) - [LILI KRAUS]

PENSAMENTO DO DIA [MILLÔR FERNANDES]

"Roube ainda hoje! Amanhã pode ser ilegal."

SONETO 23

Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,

Em mim, por timidez, fica omitido
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.

Seja meu livro então minha eloqüência,
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa

Mais que a língua que mais o tenha feito.
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.

William Shakespeare

TCHAIKOVSKY: PIANO TRIO IN A m, OP. 50 [LIVAN/HSU/TONG]

sábado, 1 de novembro de 2014

PENSAMENTO DO DIA [CHRISTOPHER LEE]


ECOS D'ALMA

Oh! madrugada de ilusões, santíssima,
Sombra perdida lá do meu Passado,
Vinde entornar a clâmide puríssima
Da luz que fulge no ideal sagrado!

Longe das tristes noites tumulares
Quem me dera viver entre quimeras,
Por entre o resplendor das Primaveras
Oh! madrugada azul dos meus sonhares.

Mas quando vibrar a última balada
Da tarde e se calar a passarada
Na bruma sepulcral que o céu embaça

Quem me dera morrer então risonho
Fitando a nebulosa do meu sonho
E a Via-Látea da Ilusão que passa!

Augusto dos Anjos

FAURÉ: REQUIEM, OP. 48 [ROBERT SHAW/ASO]

REFLEXÃO OPORTUNA [DOGMATISMO & INTELIGÊNCIA]

As eleições brasileiras de 2014 para presidente e governador, apresentaram padrões interessantes de votos, onde um importante percentual de estudantes e professores universitários votaram no partido da ”esquerda” política. A relação entre preferência política pela esquerda e inteligência técnica ou qi não é uma tendência observada apenas no Brasil, mas também é uma realidade para a maioria das nações ocidentais (bem como de  nações não-ocidentais como a Índia). Apesar das constantes mudanças de preferências políticas (dentro de um determinado limite) por parte das pessoas ”mais inteligentes” em muitas nações, parece claro que uma  alta proporção daqueles ”com” qi  acima de 120 sempre apoiarão partidos e ideologias esquerdistas do que partidos e ideologias conservadoras ou nenhuma ideologia.

O problema da crença política é quando ela atropela a lógica, a racionalidade e a realidade. E é muito comum disto acontecer.

Tal como acontece com os esportes, a arena política parece ser apenas mais uma versão moderna das velhas guerras tribais humanas.

O dogmatismo não é apenas a lavagem cerebral (em conluio com predisposições genéticas) habitual das religiões, especialmente as monoteístas. A ideologia parece ser a substituta ideal da religião. Na verdade, a crença ideológica é diretamente derivada da religião.

O dogmatismo se baseia em uma panaceia de factoides, isto é, de fatos incompletos ou meias verdades, que no entanto, são retratados como a mais pura verdade.

Mediante a ótica das múltiplas perspectivas, nada está 100% errado nem está 100% certo. No entanto, alguns pontos de vista estão mais próximos da verdade do que outros.

O dogma da ideologia da esquerda será o ponto de análise mais importante deste texto, visto que servirá como demonstração da desconexão entre inteligência técnica e sabedoria, que se consiste na verdadeira inteligência, aquela que encapsula todos os demais tipos de inteligência.

A crença esquerdista dita uma série de dogmas que como sempre acontece, são pintados como verdades absolutas.

São eles:

- A crença na igualdade humana, isto é, na igualdade biológica total de todos os 6,8 bilhões de seres humanos,

- A crença que a raça branca é culpada por todos os males da humanidade, que é uma espécie de câncer e que como todo tumor maligno, deve ser eliminada, (obs.: percebam que o sistema de crenças esquerdista entra em contradição ao tratar a raça branca como moralmente inferior, se todos  os seres humanos são iguais?!? Todas as raças seriam igualmente boas e ruins),

- A crença no ”racismo” e no ”preconceito” como ”pecados originais”,

- A crença no determinismo do ambiente como influência fundamental sobre o comportamento e potencial cognitivo humanos e isto implica na total negação do papel genético, entendido por eles como ”pseudo-ciência do século XIX”,

- A crença na inexistência concreta de gêneros,

- A crença no niilismo existencial, contrário à ideia de transcendência…

Este é um exemplo de ”verdades absolutas” que os monossilábicos, ad homineanos e lunáticos esquerdopatas vão te acusar de profanar verbalmente.

http://santoculto.wordpress.com/

PENSAMENTO DO DIA [HENRY THOREAU]

"Os homens hão-de aprender que a política não é a moral e que se ocupa apenas do que é oportuno."

BEETHOVEN: VIOLIN ROMANCE Nº. 2 IN F, OP. 50 [ANNE-SOPHIE MUTTER]

PIADA SERÍSSIMA [XXIV]


A ESPERANÇA

A Esperança não murcha, ela não cansa, 
Também como ela não sucumbe a Crença, 
Vão-se sonhos nas asas da Descrença, 
Voltam sonhos nas asas da Esperança. 

Muita gente infeliz assim não pensa; 
No entanto o mundo é uma ilusão completa, 
E não é a Esperança por sentença 
Este laço que ao mundo nos manieta? 

Mocidade, portanto, ergue o teu grito, 
Sirva-te a Crença do fanal bendito, 
Salve-te a glória no futuro -- avança! 

E eu, que vivo atrelado ao desalento, 
Também espero o fim do meu tormento, 
Na voz da Morte a me bradar; descansa!

[Augusto dos Anjos]