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domingo, 22 de setembro de 2013

REFLEXÃO OPORTUNA [IX]:

SOBRE O RESULTADO DO JULGAMENTO DO MENSALÃO....



"Agora não adianta chorar sobre embargos derramados. Se a Veja acha que os mensaleiros riem, está sendo tímida em sua manchete. A elite dos corruptos está rindo. Impunidade ampla, geral e irrestrita para todos."



[Janer Cristaldo]

O PRESENTE NÃO EXISTE

Não é extraordinário pensar que dos três tempos em que dividimos o tempo - o passado, o presente e o futuro -, o mais difícil, o mais inapreensível, seja o presente? 

O presente é tão incompreensível como o ponto, pois, se o imaginarmos em extensão, não existe; temos que imaginar que o presente aparente viria a ser um pouco o passado e um pouco o futuro. Ou seja, sentimos a passagem do tempo. 

Quando me refiro à passagem do tempo, falo de uma coisa que todos nós sentimos. Se falo do presente, pelo contrário, estarei falando de uma entidade abstrata. O presente não é um dado imediato da consciência.

Sentimo-nos deslizar pelo tempo, isto é, podemos pensar que passamos do futuro para o passado, ou do passado para o futuro, mas não há um momento em que possamos dizer ao tempo: «Detém-te! És tão belo...!», como dizia Goethe. 

O presente não se detém. Não poderíamos imaginar um presente puro; seria nulo. O presente contém sempre uma partícula de passado e uma partícula de futuro, e parece que isso é necessário ao tempo. 

[Jorge Luis Borges]

THE BEST OF WAGNER


sábado, 21 de setembro de 2013

O MONSTRO

LEMBRANDO O BICENTENÁRIO DE RICHARD WAGNER, ESTE ARTIGO QUE, SEM ESQUECER O GÊNIO E SUA OBRA, MOSTRA FACETAS DE UMA PERSONALIDADE QUE ESTAVA LONGE DE SER DAS MAIS AGRADÁVEIS.

Ele era um homenzinho pequenino, com uma cabeça grande demais para seu corpo -- um homenzinho adoentado. Ele sofria dos nervos. Ele tinha problemas de pele. Para ele, era uma agonia ter que usar qualquer coisa próxima a sua pele que fosse mais áspera que a seda. E ele tinha ilusões de grandeza. 

Ele era um monstro de presunção. Nunca, nem por um minuto, ele olhou para o mundo ou para as pessoas que não fosse em relação a si mesmo. Ele não só era a pessoa mais importante do mundo, para si; a seus próprios olhos, ele era a única pessoa que existia. Ele acreditava ser um dos maiores dramaturgos do mundo, um dos maiores pensadores e um dos maiores compositores. Ouvindo-o falar, ele era Shakespeare, Beethoven e Platão, tudo junto. E você não teria nenhuma dificuldade em ouvi-lo falar. Ele era um dos conversadores mais exaustivos que já viveram. Uma noite com ele era uma noite ouvindo um monólogo. Às vezes ele era brilhante; às vezes, era cansativo de enlouquecer. Mas fosse brilhante ou enfadonho, ele tinha apenas um único assunto em sua conversa: ele mesmo. O que ele pensava e o que ele fazia. 

Ele tinha uma mania de achar que tinha razão. A menor indicação de discordância, de qualquer um, na coisa mais trivial, era o bastante para fazê-lo desatar uma arenga que podiam durar horas, na qual ele provava de tantas maneiras que tinha razão, e com uma retórica tão exaustiva, que no final seu ouvinte, atordoado e ensurdecido, concordava com ele, em nome da paz. 

Nunca lhe ocorreu que ele e o que ele fazia não fossem do mais intenso e fascinante interesse para qualquer um com quem ele entrasse em contato. Ele tinha teorias sobre quase todos os assuntos sob o sol, incluindo o vegetarianismo, o drama, política e música; e em apoio a estas teorias ele escrevia panfletos, cartas, livros... Milhares e mais milhares de palavras, centenas e centenas de páginas. Ele não só escrevia estas coisas e as publicava -- normalmente às custa de outra pessoa -- mas ele se sentava e as lia em voz alta, durante horas, para seus amigos e sua família. 

Ele escrevia óperas; e mal ele tinha a sinopse de uma história, ele já convidava -- ou antes, intimava -- um monte de amigos seus para virem a sua casa e a lia em voz alta para eles. Não para a crítica. Para o aplauso. Quando o poema todo estava escrito, os amigos tinham que vir de novo e ouvir aquilo lido em voz alta. Então ele publicava o poema, às vezes anos antes da música que o acompanhava ser escrita. Ele tocava piano como um compositor, no pior sentido em que isto implica, e ele se sentava ao piano, diante de grupos que incluíam alguns dos mais finos pianistas de seu tempo, e tocava para eles por horas -- sua própria música, desnecessário dizer. Ele tinha uma voz de compositor. E ele convidava cantores eminentes para virem a sua casa, e cantava suas óperas para eles, fazendo todos os papeis. 

Ele tinha a estabilidade emocional de uma criança de seis anos. Quando ele se destemperava, ele esbravejava e batia o pé, ou se afundava em uma melancolia suicida e falava sombriamente em ir para o Oriente, para terminar seus dias como monge budista. Dez minutos depois, quando algo o agradava, ele saia rápido para fora e corria pelo jardim, ou pulava para cima e para baixo no sofá, ou plantava bananeira. Ele podia ficar arrasado com a morte de seu cachorro e podia ser insensível e impiedoso a um ponto que faria tremer um imperador romano. 

Ele era quase que inocente de qualquer senso de responsabilidade. Não só ele parecia incapaz de se sustentar, mas nunca lhe ocorreu que ele tivesse qualquer obrigação fazê-lo. Ele estava convencido de que o mundo tinha a obrigação de sustentá-lo. Em apoio a esta crença, ele pegava dinheiro emprestado de todo mundo que tivesse condições de emprestar -- homens, mulheres, amigos ou estranhos. Ele escrevia um sem fim de cartas de pedidos, às vezes implorando sem pudor, outras, oferecendo altaneiramente a seu benfeitor em vista o privilégio de contribuir para seu sustento e ficando mortalmente ofendido se o destinatário declinasse esta honra. Eu nunca encontrei qualquer registro de ele alguma vez ter pago ou restituído dinheiro a alguém que não tivesse direito legal a ele. 

Qualquer dinheiro em que ele pudesse por as mãos, ele gastava como um rajá indiano. A simples perspectiva de uma montagem de uma de suas óperas era o bastante para fazê-lo acumular dívidas chegando a dez vezes o valor dos prováveis royalties. Com uma renda que reduziria um homem mais escrupuloso a lavar a própria roupa, ele mantinha dois criados. Sem dinheiro no bolso que desse para pagar o aluguel, ele mandava revestir as paredes e o teto de seu escritório com seda cor-de-rosa. Ninguém nunca saberá -- ele, certamente, nunca soube -- quanto dinheiro ele deveu. Sabemos, sim, que seu maior benfeitor lhe deu $6,000 para pagar as dívidas mais prementes em uma cidade e que um ano depois teve de lhe dar $16,000 para que ele pudesse ir viver em uma outra cidade sem ser jogado na cadeia por dívidas. 

Ele era igualmente inescrupuloso sob outros aspectos. Uma procissão interminável de mulheres atravessa sua vida. Sua primeira mulher passou vinte anos suportando e perdoando suas infidelidades. Sua segunda mulher havia sido esposa de seu mais devotado amigo e admirador, de quem ele a roubou. E mesmo enquanto ele tentava persuadi-la a abandonar seu primeiro marido, ele escrevia a um amigo para inquirir se ele poderia sugerir alguma mulher rica -- qualquer mulher rica -- com quem ele pudesse se casar por causa do dinheiro. 

Ele era completamente egoísta em seus outros relacionamentos pessoais. Sua afeição por seus amigos era medida unicamente pela plenitude de sua devoção a ele, ou por sua utilidade a ele, fosse financeira ou artística. No instante em que eles não lhe atendessem -- mesmo que fosse só por recusar um convite para jantar -- ou que sua utilidade começasse a diminuir, ele os descartava sem pensar duas vezes. No fim de sua vida, só lhe tinha restado exatamente um amigo que ele tivesse conhecido mesmo que na meia idade. 

Ele tinha um gênio para fazer inimigos. Ele insultaria um homem que discordasse dele em relação ao tempo. Ele armava mil planos para poder se encontrar com algum homem que admirasse sua obra e estivesse ansioso para lhe ser útil -- e em seguida fazia dele um inimigo mortal com alguma exibição idiota e totalmente impertinente de arrogância e maus modos. Um personagem de uma de suas óperas era uma caricatura de um dos mais poderosos críticos de seu tempo. Não satisfeito de ridicularizá-lo, ele convidou este crítico para vir a sua casa e leu para ele o libreto na frente de seus amigos. 

O nome deste monstro era Richard Wagner. Tudo o que eu disse sobre ele você pode encontrar registrado -- em jornais, em registros de polícia, no testemunho de pessoas que o conheceram, em suas próprias cartas, nas entrelinhas de sua autobiografia. E o curioso sobre este histórico é que ele não tem a menor importância. 

Porque este homem pequenino, adoentado, desagradável e fascinante estava certo o tempo todo. Nós é que não entendemos. Ele foi um dos grandes dramaturgos do mundo; foi um grande pensador; foi um dos mais estupendos gênios musicais que, até agora, o mundo já viu. O mundo tinha a obrigação, sim, de sustentá-lo. As pessoas não tinham como saber dessas coisas na época, eu suponho; e, no entanto, para nós, que conhecemos sua música, é como se elas devessem, sim, ter sabido. E daí se ele falava sobre si mesmo o tempo todo? Se ele tivesse falado sobre si durante vinte e quatro horas, todos os dias do tempo de sua vida, ele não teria emitido metade do número de palavras que outros homens disseram e escreveram sobre ele desde sua morte. 

Quando se considera o que ele compôs -- treze óperas e dramas musicais, onze delas ainda representadas, oito delas indiscutivelmente merecedoras de figurarem entre as grandes obras-primas musico - dramáticas mundiais - quando se ouve o que ele compôs, as dívidas e as dores de cabeça que as pessoas tiveram que suportar por ele não parecem ser um preço alto. Eduard Hanslick, o crítico que ele caricaturizou em Die Meistersinger e que o odiou desde então, agora só vive porque foi caricaturizado em Die Meistersinger. As mulheres cujo coração ele partiu há muito estão mortas; e o homem que nunca pôde amar ninguém além de si mesmo lhes ofereceu uma expiação imortal, eu acho com Tristan und Isolde. Pense no luxo com o qual, por algum tempo pelo menos, o destino recompensou Napoleão, o homem que arruinou a França e pilhou a Europa; e então talvez você concorde que alguns milhares de dólares em dívidas não foi um preço alto demais a se pagar pela trilogia do Anel. 

E daí se ele era infiel as seus amigos e esposas? Ele teve uma amante a quem ele foi fiel até o dia de sua morte: a Música. Nem por um só instante ele alguma vez comprometeu aquilo em que acreditava aquilo com que sonhou. Não há uma só linha em sua música que pudesse ter sido concebida por uma mente pequena. Mesmo quando ele é tedioso ou simplesmente ruim, é tedioso e ruim em grande estilo. Há grandeza em seus piores erros. Ouvindo sua música, não se perdoa ele pelo que ele pode ou não ter sido. Não é uma questão de perdão. É uma questão de se ficar mudo de maravilhamento de que seu pobre cérebro e corpo não explodissem sob o tormento do demônio da energia criativa que vivia dentro dele, lutando, repuxando, arranhando para ser solto; dilacerando, urrando com ele para compor a música que estava nele. O milagre é que o que ele fez no pequeno espaço de setenta anos simplesmente pudesse ter sido feito, mesmo que por um grande gênio. É de se surpreender que ele não tivesse tempo para ser um homem?


 Deems Taylor: Of Men and Music (New York: Simon and Schuster, 1937)





SONETO 18

Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Ás vezes brilha o Sol em demasia

Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,

E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.

E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.

William Shakespeare

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXIV]:

"As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades."

Millôr Fernandes


SERVE COMO UMA LUVA PARA O PRESIDENTE OBA-OBA.........

ATUALIDADE [IV]:

....CADA VEZ MAIS E MAIS:


 “A América não é a polícia do mundo. Mas se podemos evitar o gaseamento de crianças e com isso colocar nossas crianças em segurança, eu acredito então que devemos agir.”

(Barack Lie Obama)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ATUALIDADE [II]I:

“Eu decidi, em nome da segurança nacional dos Estados Unidos, a responder ao uso de armas químicas pelo regime de Assad com um ataque militar localizado. Esta é minha decisão como a mais alta instância militar.”


(Barack Lie Obama em pronunciamento televisivo)



PELO VISTO, O NARIZ DO PRESIDENTE OBA-OBA ESTÁ CRESCENDO....

REFLEXÃO OPORTUNA [VIII]:



Os Estados Unidos lançaram bombas Napalm e Agente Laranja sobre o Vietnã... e ficaram impunes até hoje.





Israel lançou bombas de fósforo sobre a faixa de Gaza.




E bombas com material radioativo sobre o Líbano.

Continua impune até hoje....

Mas a Síria....bem, esta deve ser castigada por um crime que não cometeu....

sábado, 7 de setembro de 2013

ATUALIDADE [II]:

Assad ainda tem 'enorme' arsenal químico na Síria, dizem EUA.

PARECE QUE A CRIATIVIDADE NA HORA DE ELABORAR PRETEXTOS PARA MAIS UMA AVENTURA BÉLICA ESTÁ DEFINITIVAMENTE APOSENTADA PELA CASA BRANCA.

PENSAMENTO DO DIA [XXIII]:

O PRESIDENTE OBA-OBA ESTÁ MESMO DISPOSTO A LEVAR ADIANTE A GUERRA CONTRA A SÍRIA (QUE JÁ ESTÁ PROGRAMADA HÁ MAIS DE UMA DÉCADA). 

ESTE PENSAMENTO DE GEORGE ORWELL PODE NOS AJUDAR A ENTENDER O QUE É O CERNE DAS CONSEQUÊNCIAS DE UMA GUERRA. TANTO ESSA COMO TODAS AS OUTRAS QUE JÁ EXISTIRAM E QUE, INFELIZMENTE, EXISTIRÃO.



"O essencial da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas de produtos do trabalho humano.
 A guerra é um meio de despedaçar, ou de libertar na estratosfera, ou de afundar nas profundezas do mar, materiais que de outra forma teriam de ser usados para tornar as massas demasiado confortáveis e, portanto, com o passar do tempo, inteligentes."