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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

VERDI: 200th BIRTHDAY - AIDA [SINFONIA]


Hoje é o bicentenário deste gigante da música que a Itália legou ao mundo.




Aqui uma peça rara: a Sinfonia de AÍDA (1872), uma abertura alternativa ao prelúdio habitualmente apresentado.

AO LUAR

Quando, à noite, o Infinito se levanta
A luz do luar, pelos caminhos quedos
Minha táctil intensidade é tanta
Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!

Quebro a custódia dos sentidos tredos

E a minha mão, dona, por fim, de quanta
Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos,
Todas as coisas íntimas suplanta!

Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado,

Nos paroxismos da hiperestesia,
O Infinitésimo e o Indeterminado…

Transponho ousadamente o átomo rude

E, transmudado em rutilância fria,
Encho o Espaço com a minha plenitude!

[Augusto dos Anjos]

DEIXAI A VIDA AOS CRENTES MAIS ANTIGOS

Deixai a Vida aos Crentes Mais Antigos
Vós que, crentes em Cristos e Marias, 
Turvais da minha fonte as claras águas 
Só para me dizerdes 
Que há águas de outra espécie 

Banhando prados com melhores horas 

Dessas outras regiões pra que falar-me 
Se estas águas e prados 
São de aqui e me agradam? 

Esta realidade os deuses deram 

E para bem real a deram externa. 
Que serão os meus sonhos 
Mais que a obra dos deuses? 

Deixai-me a Realidade do momento 
E os meus deuses tranquilos e imediatos 
Que não moram no Vago 
Mas nos campos e rios. 

Deixai-me a vida ir-se pagãmente 

Acompanhada pelas avenas tênues 
Com que os juncos das margens 
Se confessam de Pã. 

Vivei nos vossos sonhos e deixai-me 

O altar imortal onde é meu culto 
E a visível presença 
Os meus próximos deuses. 

Inúteis procos do melhor que a vida, 

Deixai a vida aos crentes mais antigos 
Que a Cristo e a sua cruz 
E Maria chorando. 

Ceres, dona dos campos, me console 

E Apolo e Vênus, e Urano antigo 
E os trovões, com o interesse 
De irem da mão de Jove. 

[Fernando Pessoa]

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXVIII]:

"As obras-primas devem ter sido geradas por acaso; a produção voluntária não vai além da mediocridade."

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 5 de outubro de 2013

QUE VENÇAIS NO ORIENTE TANTOS REIS

Que vençais no Oriente tantos Reis, 
Que de novo nos deis da Índia o Estado, 
Que escureçais a fama que hão ganhado 
Aqueles que a ganharam de infiéis; 

Que vencidas tenhais da morte as leis, 
E que vencêsseis tudo, enfim, armado, 
Mais é vencer na Pátria, desarmado, 
Os monstros e as Quimeras que venceis. 

Sobre vencerdes, pois, tanto inimigo, 
E por armas fazer que sem segundo 
No mundo o vosso nome ouvido seja; 

O que vos dá mais fama inda no mundo, 
É vencerdes, Senhor, no Reino amigo, 
Tantas ingratidões, tão grande inveja. 

Luís Vaz de Camões

PENSAMENTO DO DIA [XXVII]:

"Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente, por isso pouco sentiam. Daí a sua perfeita execução da obra de arte."

Fernando Pessoa

terça-feira, 1 de outubro de 2013

PENSAMENTO DO DIA [XXVI]:

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."

Chico Xavier