Quando depões sobre o teu Cristo amado,
— esse Cristo que pende de teu peito,
ungido de ternura e de respeito —
um beijo de teu lábio imaculado,
eu, sacrílego, sinto-me levado
— ou seja por inveja, ou por despeito —
a arrebatar o Cristo de teu peito
e em teu peito morrer crucificado.
Mas, quando vejo, do teu lábio crente,
cair sobre o Jesus a prece ardente,
talvez por nosso amor, talvez por mim,
ardo na chama intensa dos desejos
de, arrependido, sufocar meus beijos
nesse teu alvo Cristo de Marfim.
[ANTERO BLOEM]
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